Quando somos velhos o suficiente, nos devolvemos à inocência, conscientemente. Não como a inocência da infância, mas o sábio, informado, a inocência do envelhecimento.
Nós dançamos de qualquer maneira mesmo quando não é nossa música. Nós fazemos coisas tolas, mesmo quando os lugares tolos estão fechados e estamos cansados e temos que ficar tolos sozinhos. Nós rimos da luz. Nós suspendemos a descrença. Fazemos piadas no consultório do dentista.
Retornamos à inocência porque a inocência nos remete para a novidade das coisas e, por fim, somos suficientemente velhos para receber os presentes das coisas, para deleitar o deleite das coisas dadas. Porque a inocência nos leva à surpresa, o presente do momento.
Retornamos à inocência e a inocência nos recebe com alegria, recompensa com alegria a unicidade deste momento, esse presente, esse doador, essa dádiva.