O desafio do perfeccionismo

ou, “… o meu nome é o tempo do bem” – Voltaire (1770)

O que é um perfeccionista?

Os perfeccionistas geralmente são vistos como pessoas que desejam aprovação social, mas também são freqüentemente controlados, exigindo a perfeição não apenas de si mesmos, mas também de outros. Aqueles perfeccionistas que estão em posições de poder e influência e que estão controlando demais causam conflito e estresse tanto para aqueles que trabalham com eles quanto para eles. Pesquisas sugeriram que existem três tipos de perfeccionistas: auto-orientados, outros orientados e socialmente prescritos. 1

Os perfeccionistas auto-orientados extremos pensam e buscam a perfeição, quase como uma compulsão. Não é que eles queiram ser perfeitos, mas que eles têm que ser. Eles tendem a ser bastante inflexíveis sobre como abordam tarefas e relacionamentos, mesmo quando o contexto sugere que a perfeição não é necessária nem possível. Perfeccionistas auto-orientados extremos também tendem a se tornar viciados em trabalho.

Perfeccionistas orientados por outros demonstram alguma hostilidade em relação a pessoas que eles acham que não estão se aproximando de tarefas, objetivos, comportamentos, etc., como deveriam. Eles também podem culpar os outros por seu próprio desempenho e resultados abaixo do padrão. Desta forma, perfeccionistas orientados para outros poderiam ser considerados como tendo um locus de controle externo (LOC), atribuindo seus próprios fracassos a outros que os “bagunçaram”.

Perfeccionistas socialmente prescritos são hipersensíveis às críticas e acreditam que os outros irão valorizá-los apenas se forem perfeitos. Este tipo de perfeccionismo foi encontrado para ser associado com depressão e outros problemas de saúde mental, incluindo o suicídio.

Perfeccionistas no Trabalho

No trabalho, o foco de um perfeccionista pode estar no produto final de seu trabalho ou no processo de produção desse produto. No primeiro caso, uma busca incessante pelo objetivo final pode ser uma coisa boa, mas acaba se tornando a maior responsabilidade do perfeccionista por causa da angustiante ansiedade sentida. É essa ansiedade e pressentimento que muitas vezes sabota seus esforços.

No segundo caso, o perfeccionista está mais preocupado com os processos envolvidos na produção do resultado ou no alcance do objetivo. Isto é, ele ou ela está preocupado principalmente com o que algo é feito. Esses tipos de perfeccionistas têm a mesma probabilidade de enlouquecer, porque ficam “nas ervas daninhas” dos detalhes, tornando cada passo de um projeto tão pesado quanto qualquer outro.

O “ser humano perfeito” (e, por extensão, o “líder perfeito”, “empregado perfeito”, “filho perfeito” ou “cônjuge perfeito”) é tão atraente e mítico quanto o unicórnio. Infelizmente, nossas organizações incentivam a busca pela perfeição. Como Ed Vargo, o árbitro da liga principal de beisebol, disse sobre seu trabalho: “Devemos ser perfeitos em nosso primeiro dia no trabalho e, então, mostrar uma melhora constante”.

Os perfeccionistas precisam repensar seus próprios valores e decidir se continuarão a ficar presos pela ênfase que dão à perfeição ou se podem se livrar dessa obsessão. Superar o perfeccionismo requer coragem, pois significa aceitar nossas próprias imperfeições e humanidade, assim como as dos outros.

Referências

1. Flett, GL, Hewitt, PL; Sherry, SS (2016). Profundo, escuro e disfuncional: A destrutividade do perfeccionismo interpessoal. Zeigler-Hill, Virgil (Ed); Marcus, David K. (Ed). O lado escuro da personalidade: ciência e prática em psicologia social, personalidade e clínica, 211-229. Washington, DC, EUA: American Psychological Association, xi, 389 pp. Http://dx.doi.org/10.1037/14854-011