Tratar a pessoa que não é a parte

Aristóteles disse: "O todo é maior do que a soma de suas partes". Esse sentimento certamente se aplica quando se trabalha com pessoas com dor crônica. Faz todo o sentido que quando uma parte do corpo está ferida ou com dor, essa parte é tratada.

Mas e se alguém tiver uma condição de dor crônica? Ele ou ela pode se consumir com essa parte do corpo até o ponto em que essa parte se torna maior do que a pessoa. Este sentimento pode ser exacerbado ao ver um especialista que apenas trata a área ferida ou dolorida. O padrão atual de cuidados não leva em consideração todos os outros aspectos da pessoa afetada pela condição de dor crônica.

É importante entender que a dor não é apenas uma sensação física; também é emocional, mental e mesmo espiritual. É por isso que é essencial tratar a pessoa e não a parte. A dor crônica pode ser invasiva na vida pessoal, familiar, vocacional, financeira e social de alguém. Apenas tratando a dor e não a pessoa perde o ponto e minimiza toda a extensão do problema.

Muitas vezes eu ouço pacientes com dor crônica falar sobre ser tratados como adictos, buscadores de drogas, fakers, whiners ou como alguém com um transtorno de personalidade limítrofe ou hipocondria. Raramente são tratados como pessoas. Simplesmente se identificar com um indivíduo com dor crônica, ao invés de falar neles, faz toda a diferença e pode ser um ótimo começo para uma aliança terapêutica. Nós somos seres humanos depois de tudo. Não estamos compartimentados e, portanto, o tratamento para dor crônica também não deve ser. O tratamento precisa ser integrado e oferecido por uma equipe de especialistas que podem servir a pessoa inteira e não uma parte. Pacientes com dor crônica devem procurar profissionais de tratamento que possam abordar todas as formas em que a dor afeta todos os aspectos de sua saúde e vida.