Revisitando o Mito de Narciso e "Narcisismo Saudável"
Como retratado pelo poeta romano do século VIII, Ovídio, Narciso é um menino bonito, perseguido por "jovens e jovens", mas indiferente à atenção deles. Um dia, ao caçar sozinho em uma floresta virgem sombreada, ele encontra uma clara piscina de água; dobrando para beber, ele está paralisado com o que vê. Instantaneamente, como se estivesse perfurado por uma das flechas de Cupido, ele é "impressionado com o que é maravilhoso nele … Ele se quer." Narciso, escreve Ovídio na maravilhosa tradução de Allen Mandelbaum, "tenta apagar uma sede" e "sente outra levantar-se. "O rapaz caiu em auto-admiração fatal.
A história não termina feliz. Falando ao seu reflexo na água, o Narciso disse: "Seu olhar é amado e promissor; Estendi os braços para você, e você volta em volta. Eu sorrio e você sorri também … "Mas quando Narciso tenta abraçar seu simulacro, a imagem se dispersa.
Ele não sabe o que vê, mas o que ele vê
convida ele. Mesmo que a piscina engane
Seus olhos, eles os tentam com delícias. Mas por que,
menino tolo, você persiste? Por que tentar
para agarrar uma imagem? Ele não existe –
-Ovid, Metamorfoses (tradução de Allen Mandelbaum)
Apesar de sua frustração e sofrimento, Narciso não pode deixar o local. Ele fica ao lado da piscina e desperdiça. Na estrofe de conclusão do poema, Ovídio nos diz que, mesmo no submundo, após a morte, Narciso continua a olhar para o grupo de Styx, fixado para sempre em sua própria imagem.
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O professor Jack Zipes, um renomado autor e especialista em contos de fadas e mitos, lembra-nos em Fairy Tale como Myth, Myth as Fairy Tale, que "os mitos e os contos de fadas parecem saber algo que não sabemos … Continuamos retornando a eles para obter respostas". Podemos lançá-los como mentiras, mas "essas mentiras são muitas vezes as mentiras que governam nossas vidas". Uma maneira de olhar para os mitos é vê-los como representações simbólicas de nosso mundo psíquico interno. Ao examinar suas narrativas, obtemos acesso ao funcionamento mais profundo de nossas mentes e corações. "A mitologia é uma psicologia da antiguidade", escreve James Hillman, o grande analista junguês arquetípico, em The Dream and the Underworld . E "a psicologia é uma mitologia da modernidade".
O que podemos aprender ao examinar as raízes arquetípicas da história de Narciso, a origem do termo "narcisismo", pelo qual geralmente significamos comportamento auto-absorvido e auto-referencial?
Como todo comportamento humano, o narcisismo existe em um espectro e, por si só, é um componente necessário do desenvolvimento saudável. A criança em uma capa de Superman pronta para saltar de sua cama, o campeão de skate que exibe seus truques de flip – aceitamos estes como exemplos de "narcisismo saudável", um orgulho na capacidade de alguém para alcançar e prevalecer. Os traços narcisistas são universais. Quem de nós não deu uma olhada no nosso reflexo passando por uma janela, ou olhou diretamente para um espelho, fascinado pelo mistério de si mesmo? O que é saudável sobre o narcisismo precisa de mais atenção, especialmente agora, quando o narcisismo é freqüentemente aplicado vagamente, geralmente pejorativamente.
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O narcisismo na infância e na infância é um fator crucial para ajudar uma criança a diferenciar entre "Eu" e "Outro" estabelecendo um eu central coerente. Durante os estágios iniciais do desenvolvimento, se a resposta de um pai para a necessidade de alimentos, calmante e espelhada dos pais é satisfatória, a criança se sente vista e reconhecida e pode evoluir sem a ansiedade de que suas necessidades não serão atendidas. De acordo com o pediatra e psicanalista britânico DW Winnicott, a mãe (ou especialista primária) deve ser "boa o suficiente". A maça suficientemente boa navega com êxito o caminho entre satisfazer suas próprias necessidades e, no entanto, permanecer sensível à necessidade de alimentação, cuidados físicos, calor emocional e amor. O ideal não é para espelhamento parental "perfeito". Mesmo que isso fosse possível, isso interferiria com a capacidade da criança de desenvolver um senso de sua própria agência e resiliência.
O "narcisismo saudável" em adultos facilita sentimentos de adequação e auto-estima. O artista que fala com entusiasmo sobre sua última pintura pode não se gabar ou pedir para desfazer o louvor tanto quanto tentar compartilhar um processo que seja significativo para ele. Ele não é conduzido pelo interesse próprio, mas sim pelo interesse social em comunicar algo importante sobre seu mundo interior. Ele está falando conosco , não conosco , e ele ficará apenas um pouco decepcionado, não violentamente enfurecido, se interrompendo, discordemos, aborrecemos ou mudemos o assunto. Nós não estamos à mercê de sua auto-adoração nem cativos para sua inveja e raiva. Ele está buscando uma resposta empática.
Podemos sentir a diferença entre esse tipo de troca com uma pessoa e uma motivada pela necessidade compulsiva de admissão e confirmação de sua própria realidade. A Dra. Erica Serlin, uma psicóloga licenciada no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin, diz: "Nenhum ato único define um narcisista ou transtorno da personalidade narcisista. A avaliação depende da duração, frequência, intensidade (ou grau de angústia) e comprometimento funcional ou interferência com expectativas apropriadas para o desenvolvimento. "As características do narcisismo em sua forma mais maligna são difíceis de perder: grandiosidade, raiva, inveja e falta de empatia . A volatilidade e a fúria por trás desses estados pisam e queimam.
Mas na versão de Ovídio do mito, Narciso não se enfurece. Em vez disso, ele é "desfeito pelo amor inatingível" e desaparece pela piscina. O momento dramático é de tristeza e tristeza. Suas irmãs, as Naiades, as ninfas de água, lamentam e cortam os cabelos. Aqui, o mito pode nos dizer que, sob a energia destrutiva manifesta de uma personalidade narcisista, existe uma alma deprimida e dolorida. Como o narcisista diagnosticado de hoje, Narcissus vê apenas uma semelhança idealizada, que ignora as verrugas e manchas que afetam nossa superfície humana – o que Jung chamaria de "sombra". Sua auto-identidade é inflado, irreal e incompleto. Para se tornar todo o ser humano complexo, na psicologia junguiana, nossa tarefa é aceitar as energias rejeitadas e separadas segregadas em nosso inconsciente sombrio. Como Jung disse uma vez: "Até que você conscientize o consciente do inconsciente, ele direcionará sua vida e você o chamará de destino". Uma vez integrado a uma auto-imagem nova e expandida, estes uma vez proibido a consciência, aspectos vergonhosos de nós mesmos pode rejuvenescer nossa psique, que tem que trabalhar duro para negar e dissociar. A libertação desses trabalhos liberta a energia retida necessária para revitalizar a psique.
Em "Esperança desesperada de Narciso", o ensaio que ele contribuiu para o livro A Clear and Present Danger: Narcissism in the Age of Trump , o analista junguiano James Hollis escreve: "Não é a tarefa central da psicoterapia examinar, identificar, quais histórias, o que conceitos, o que as auto-imagens nos cativaram, nos levou ao nosso impasse atual, nosso sofrimento e para trazê-los à superfície, desafiá-los e talvez substituí-los por algo maior, mais espaçoso? Freud chamou o processo Nachérziehung , ou reeducação, dada a necessidade de reparar, ou resgatar a paideia original, ou educação, que nos instruiu sobre quem nós éramos e o que devemos fazer com nossas vidas ".
Talvez seja por isso que Ovídio termina seu tratamento do mito de Narciso em uma nota de redenção. As Naiades não conseguem encontrar seu corpo. Onde Narciso já estava deitado, eles acham "uma flor, seu centro amarelo circundado por pétalas brancas". Conhecido como narciso ou narciso, a flor floresce na primavera, muitas vezes ao redor da Páscoa, e está associada ao renascimento ou ressurreição. Poderia isso sugerir que mesmo aqueles de nós presos em estase são capazes de transformação e mudança? A neurociência e a pesquisa sobre a plasticidade cerebral refletem uma consciência cada vez maior de que nossas identidades, nossas queixas e aflições antigas, nossos padrões ancestrales e até mesmo nossos sulcos neurais podem não ser consertados, mas mais fluidos e deslocados do que conscientemente entendemos.
Dale Kushner é o autor da novela, The Conditions of Love . Ela escreveu sobre sua decisão de tornar-se um romancista em vez de um terapeuta junguiano em seu primeiro post para Psychology Today , "Treating Patients, Creating Characters". Se você gostou desta publicação, você também pode estar interessado em "Dreaming Our Lives: 5 Things Our Os sonhos poderiam estar nos dizendo "," Compreenda os seus sonhos usando a "Imaginação ativa" de Jung, e as Mães, as Bruxas e o poder dos arquétipos. Mantenha-se com a Dale, gostando da sua página no Facebook. Leia mais de Dale em seu blog.
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