Como parar de viver a vida no piloto automático

Está na hora de desligá-lo.

Zivica Kerkez/Shutterstock

Fonte: Zivica Kerkez / Shutterstock

A vida acontece com você? Ou você faz a vida acontecer?

Imagine que você acabou de chegar do trabalho. Você sai do seu carro e eu pergunto como foi a viagem. Você provavelmente não vai se lembrar de quantas vezes você trocou de pista ou parou em um semáforo, certo? Mas você chegou em casa a salvo, independentemente.

Quando vivemos no piloto automático, parece que alguém está dirigindo, não nós.

Nossos cérebros desenvolveram um sistema inconsciente de tomada de decisões para que possamos cuidar de tarefas rotineiras. Isso nos impede de sobrecarregar. No entanto, a vida moderna sequestrou nossas vidas – o mecanismo que deve nos proteger está nos afastando da vida.

Noventa e seis por cento das pessoas admitem tomar a maioria das decisões no piloto automático, de acordo com esta pesquisa – tornou-se uma epidemia. Nossas mentes estão vagando na maior parte do tempo.

De acordo com o estudo, estamos vivendo no piloto automático no lugar onde precisamos prestar mais atenção: nossa casa. As pessoas tomam decisões – como o que comer, o que assistir na TV ou o que vestir – sem pensar.

A professora Renata Salecl, uma das colaboradoras do estudo, diz melhor: “Estamos esquecendo que quando estamos em casa, as coisas importantes são interagir com a família e os amigos, sem estarmos constantemente distraídos”.

A maioria das pessoas não consegue lembrar o que assistiu na TV – pesquisas adicionais mostram que a observação compulsiva diminui a memória e a compreensão percebida.

E se você?

Cinco sinais que você está vivendo no piloto automático

1. Sua rotina é previsível – seu calendário está repleto de atividades repetitivas e você segue seu plano sem pensar. Não há espaço para improvisações ou mudanças de última hora.

2. Você está agradando aos outros – você deixa as expectativas das outras pessoas definirem suas escolhas. Você não está prestando atenção ao que você precisa.

3. Você está sempre ligado – você nunca faz uma pausa para refletir sobre como está se sentindo ou o que está fazendo. Você está ocupado, distraído ou ambos.

4. Você sente o tempo voa – você não consegue lembrar o que você fez durante o dia. Você se sente culpado, como se não tivesse feito muito.

5. Você acredita que está perdendo – sabe que pode ter mais alegria, mas não pode deixar de andar por aí.

Um exercício que adoro ajudar as pessoas a se reconectarem com o propósito de sua vida é a auto-meditação do futuro: os participantes viajam para o futuro para se visitarem daqui a um, três, cinco e dez anos. O objetivo é se conectar com seus sonhos e desejos e entender como eles foram capazes de alcançá-los. Para minha surpresa, muitas pessoas acham difícil projetar para o futuro – elas estão tão desconectadas do presente que não podem sonhar.

Viver no piloto automático nos separa do nosso presente e do nosso futuro.

O piloto automático não é a única opção de direção

Viver no piloto automático significa inclinar-se para o modo de pensar mais confortável. Mas nós temos dois; devemos aprender a usar os dois.

Embora o System 1 e o System 2 já existam há algum tempo, foi o livro do vencedor do prêmio Nobel Daniel Kahneman, Thinking, Fast and Slow, que os tornou populares.

“Sistema 1” é uma maneira automática, rápida e inconsciente de pensar – é o nosso piloto automático. Este sistema é autônomo e eficiente, embora enganando também. É mais propenso a preconceitos e erros repetitivos.

“Sistema 2” é lento, consciente e esforçado – requer atenção e energia. É mais confiável e pode filtrar os erros de avaliação do System 1.

Gustavo Razzetti/ Liberationist

Fonte: Gustavo Razzetti / Liberacionista

O cérebro é preguiçoso – é por isso que ele se inclina para o Sistema 1. Devemos estar conscientes e treinar nossa mente para evitar viver no piloto automático.

Não é que um modo seja melhor que o outro – o segredo está em usar ambos de maneira equilibrada.

O sistema 1 é ideal para decisões rápidas, baseadas em pouca informação. Quando você está dirigindo seu carro ou lavando a roupa, você não precisa pensar demais. No entanto, você não a usaria para fazer escolhas de vida mais significativas, como a sua carreira, a casa para comprar ou com quem se casar.

O sistema 2 é ideal para lidar com atividades mentais mais complexas, como raciocínio lógico, gerenciamento de relacionamentos interpessoais, aprendizado de coisas novas e construção de hábitos. Isso pode ajudá-lo a desligar o piloto automático.

Então, por que você deveria se importar?

Volte para o banco do motorista

Estar no piloto automático tem seus benefícios para atividades mundanas, como dirigir ou fazer compras. No entanto, comportar-se com intencionalidade é vital quando você precisa pensar em uma situação, problema ou dilema.

Escolher qual sistema usar é como voltar ao banco do motorista – você decide quando dirigir no piloto automático e quando não.

É mais confortável deixar a vida acontecer com você do que fazer acontecer. Mas se o seu piloto automático estiver sempre ligado, você está apenas existindo, não está vivo.

Aqui vão algumas dicas para você começar.

1. Observe como você dirige.

Aumentar a consciência do seu comportamento. Você está vivendo no piloto automático porque quer ou porque simplesmente acontece? Como isso afeta suas decisões? Você está fazendo escolhas ou simplesmente deixando o seu piloto automático escolher o que você assiste ou o que você come? Escreva um diário ou faça anotações para aumentar a conscientização e desafiar seu comportamento. Seja paciente. Leva tempo para recuperar o controle de sua vida.

2. Defina seu GPS.

Qual é o seu destino final na vida? Como você quer ser lembrado? Como diz o ditado: “Escolha algo pelo qual valha a pena morrer e viva por ele”. O propósito da sua vida deve guiar e inspirar suas ações. Quando você sabe qual é o seu destino final, é mais fácil evitar atalhos ou estradas que o levem a lugar nenhum. Manter o seu propósito presente trará mais intenção às suas atividades diárias.

3. Traga significado para suas rotinas.

Não há nada de errado com o uso do seu piloto automático – o problema é quando ele se torna seu sistema de direção preferido. Hábitos direcionam foco e eficiência. No entanto, eles devem estar conectados ao propósito e objetivos de sua vida. Não deixe suas rotinas ditarem como você mora; trazer mais atenção às tarefas cotidianas.

4. Pare e reflita.

Quando você pressiona os freios, o piloto automático é desligado. Uma pausa está mais do que diminuindo – está criando espaço para começar a prestar atenção. Você pode refletir sobre sua vida. Do que você gosta? Você está gostando do que você está fazendo? O que está acontecendo? Você está focado ou distraído? Por quê? Somos prisioneiros de nossas mentes ocupadas; pausar se liberta.

5. Vá além da sua zona de conforto.

Quando vivemos no piloto automático, paramos de nos desafiar – você acaba entediado e se repete. O desconforto é uma porta para descoberta e crescimento pessoal. A aprendizagem acontece quando você se estende além da sua zona de conforto. Teste seus limites. Tente coisas novas. Desenvolva a prática de trazer novas experiências para a sua vida – você não precisa de skydive para se sentir vivo.

6. Tome melhores decisões.

Para coisas simples, siga seu intestino (Sistema 1). No entanto, se o seu instinto não for certo, pense bem. Evite vieses cognitivos – desafie a primeira solução que lhe vem à mente. Lembre-se, seu cérebro preguiçoso irá para a conclusão mais confortável, não a melhor. Por fim, para decisões importantes, pense sempre nelas.

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Referências

Grã-Bretanha do piloto automático – Dr. Mark Williamson e Professor Renata Salecl Whitepaper: Marks and Spencer