Prevenção de Depressão

Quanto melhor a qualidade da pesquisa, mais provável é mostrar que os antidepressivos funcionam. Esta regra manteve-se em um grande estudo de medicação e psicoterapia para prevenir a depressão em vítimas de acidentes vasculares cerebrais.

A depressão é uma complicação freqüente dos acidentes vasculares cerebrais, e é uma situação perigosa, associada a um risco aumentado de morte. O ensaio controlado randomizado, liderado por Robert G. Robinson da Universidade de Iowa e apresentado na edição atual da JAMA, demonstrou que o Lexapro dado no ano seguinte a um acidente vascular cerebral reduz consideravelmente o risco de depressão. Os sujeitos em placebo foram 4,5 vezes mais propensos a contrair a depressão como sujeitos em medicamentos.

Uma psicoterapia projetada para idosos ("terapia de resolução de problemas") também pareceu prevenir acidentes vasculares cerebrais, embora tenha falhado estatisticamente na análise mais rigorosa.

As intervenções pareciam não ter efeitos negativos, embora, estranhamente, o desejo sexual diminuído tenha sido observado muito mais freqüentemente nos pacientes tratados com psicoterapia. Os pacientes com antidepressivo podem ter um efeito positivo incidental: tiveram menos eventos cardíacos subseqüentes.

A descoberta geral é um marco na psiquiatria preventiva. Os epidemiologistas reconhecem três níveis de prevenção para as pessoas de uma determinada categoria, neste caso, aqueles que acabaram de ter um acidente vascular cerebral: indicado (intervindo em pacientes com sinais precoces da doença em questão – aqui, depressão), seletivo (interveniente com pacientes em alto risco para a doença em questão) e universal (intervindo para todos os pacientes). O estudo de Iowa sugere que os antidepressivos podem ser um preventivo universal para a depressão em vítimas agudas de AVC.

As doses de medicação eram razoavelmente baixas: dez miligramas de Lexapro para pacientes menores de 65 anos e cinco miligramas para pacientes com 65 anos ou mais. Um problema com alguns estudos anteriores é que as doses de antidepressivos eram altas em uma população idosa. O teste anterior mais bem sucedido usou o equivalente a estas modestas doses.

Para dar uma sensação do poder do resultado: para evitar o aparecimento da depressão em um paciente, você precisaria dar medicação de 7,2 acidentes vasculares cerebrais durante um ano. Esta figura "necessária para tratar" pode soar alta – a menos que você considere que, ao administrar um medicamento para reduzir o colesterol, você deve tratar 40 homens por cinco anos para prevenir um ataque cardíaco.

Este estudo tem suas limitações. Só pode admitir pacientes com AVC sem complicações e sem depressão prévia. Mas o que é impressionante é o quão direto é a pesquisa.

O estudo foi anunciado antecipadamente, em um registro do governo. Foi conduzido pelo principal especialista no campo. Robinson estuda pós-AVC por anos e é presidente da psiquiatria em Iowa. O estudo foi financiado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental e escrito e atestado pelo autor principal. A eminência da equipe de pesquisa e o tamanho razoável da amostra, 176 assuntos, garantiram que a pesquisa fosse publicada, independentemente do resultado.

E então há a questão dos critérios de admissão. Eu escrevi que muitos ensaios de resultados são enfraquecidos pela pressa dos pesquisadores para admitir assuntos – de modo que as pessoas que realmente não sofrem de depressão estão matriculadas, e as taxas de resposta ao placebo são altas. Claro, neste estudo, não existe tal incentivo prejudicial. Inicialmente, nenhum dos indivíduos apresentava depressão.

Então, em pesquisa que não tem nenhum dos problemas que levaram à crítica dos resultados, os antidepressivos funcionaram – não perfeitamente, mas de forma decisiva. Se você tiver um acidente vascular cerebral sem complicações, você provavelmente deve tomar antidepressivos por um ano.

A questão do AVC e da psicoterapia é interessante. A terapia cognitivo-comportamental parece não funcionar; falhou em um teste prévio, e Robinson escolheu não re-testar. A nova terapia, especialmente concebida, funcionou, exceto na análise mais rigorosa, que assumiu que todo sujeito que abandonou o tratamento obteve depressão. (Lexapro conseguiu mesmo essa exigente análise de "intenção de tratar"). Usando mais cálculos padrão, parecia que dar 9,1 pacientes com acidente vascular cerebral agudo 12 sessões de terapia iria evitar um caso de depressão – novamente, não um investimento ruim.

Outra lição de levar a casa desta pesquisa é aquela que eu reitera nestas postagens. Os antidepressivos funcionam. Quanto melhor o estudo, e quanto mais dura a população em estudo, mais clara é a demonstração de eficácia.