A saúde mental dos ateus e dos ‘Nones’

Novas pesquisas sugerem que os ateus têm melhor saúde mental do que outros nones.

O Natal está se aproximando, e pessoas religiosas em todo o mundo estão se preparando com as orações, observações e serviços apropriados. No entanto, uma proporção crescente da população não é religiosa e, para eles, o Natal pode ser um período sem sentido, vazio e solitário.

De fato, um pequeno mas crescente corpo de pesquisa continua a explorar a relação entre religiosidade, não-religiosidade e saúde mental. Muito disso inclui amplas comparações entre os religiosos e os não religiosos.

Quem são os não religiosos?

O “não-religioso” é um termo abrangente que se refere a um grupo heterogêneo de pessoas, geralmente conhecido como “nones”. Estes podem incluir pessoas que são caducas, não afiliadas, agnósticas, ‘espirituais mas não religiosas’ e ateus.

Curiosamente, os levantamentos do Pew Research Center indicam um crescimento nos ‘nones’ como uma proporção da população. Uma pesquisa de 2014 indicou que 23 por cento dos americanos identificaram como ‘nenhum’, significativamente maior do que os 16 por cento observados em 2007. Dentro desses ‘nones’ há um número crescente de ateus.

De fato, o Pew Research Center relata que “a parcela de americanos que se identificam como ateus praticamente dobrou nos últimos anos”, representando agora 3,1% da população, em comparação com 1,6% em 2007. Curiosamente, jovens brancos educados fazem um número desproporcional de ateus.

Esse aumento pode estar relacionado ao “novo ateísmo”, um movimento social criado e liderado por grandes intelectuais públicos, como Richard Dawkins e Christopher Hitchens, ambos os quais escreveram best-sellers promovendo ateísmo e visões de mundo ateístas.

Religiosidade e saúde mental

Muita pesquisa indica que as pessoas religiosas, como grupo, tendem a ter melhor saúde mental do que as “nones” como grupo. Isso se manifesta em vários indicadores, incluindo taxas mais baixas de depressão, ansiedade, suicídio, autoflagelação e uso de substâncias entre os religiosos.

Os efeitos protetores de saúde mental da religiosidade têm sido atribuídos a vários fatores. Estes incluem apoio social em congregações religiosas, um senso de propósito e significado oferecido por religiões, e códigos morais comandando certos comportamentos (por exemplo, abstinência) dentro das religiões. Estes são discutidos no pequeno vídeo abaixo com o Dr. Eric Jarvis, uma autoridade líder em religião, ateísmo e saúde mental.

No entanto, os estudos que levam a essas conclusões geralmente colapsam uma variedade de grupos diferentes (por exemplo, agnósticos, cadentes, não afiliados, ateus fracos, ateus fortes) em uma única categoria de “nones”, comparando-os a uma única categoria de “religiosos”. Essa abordagem de ‘agregação’ binária perde informações de nível granular sobre os muitos subgrupos específicos dentro dos ‘nones’.

Examinando os ‘nones’

Novas pesquisas se propuseram a examinar as amplas diferenças em saúde mental nas subcategorias que constituem as “nones”. Curiosamente, um número crescente de estudos sugere que as pessoas que possuem fortes crenças religiosas e ateus convictos tendem a compartilhar uma saúde mental similarmente positiva. A pior saúde mental é observada naqueles com crenças religiosas ou espirituais mais ambíguas, confusas e fracas.

Por exemplo, um estudo recém-publicado pelo Dr. Joseph Baker, da East Tennessee State University, indica que os ateus têm a melhor saúde mental entre os “nones”, semelhante à dos altamente religiosos. Em contraste, os “teístas não afiliados” tinham a pior saúde mental.

Esses achados se sobrepõem a um estudo britânico clássico que descobriu que o “espiritual, mas não religioso” tinha níveis mais altos de dependência de drogas, alimentação anormal, transtorno de ansiedade generalizada, transtornos neuróticos e uso de medicação psicotrópica, em comparação com “pessoas religiosas” e pessoas que não eram nem religiosos nem espirituais.

Estes resultados tentam sugerir que a “certeza da crença”, ao invés do conteúdo da crença em si, pode ser um determinante chave da saúde mental positiva nos grupos estudados. Pelo contrário, a incerteza ou inconsistência de crença, como às vezes testemunhada em agnósticos, o não-afiliado e o “espiritual, mas não religioso” pode ser um fator de risco para a saúde mental precária.

Conclusão

O próprio Richard Dawkins brincou sobre os ateus serem, possivelmente, “neuróticos em desespero, levados ao suicídio pela implacável angústia cósmica”, porque lhes faltam os consolos emocionais e psicológicos da religião. No entanto, evidências emergentes sugerem que os ateus convictos podem derivar o consolo de uma certeza de crença em sua própria visão de mundo firmemente estabelecida, levando a uma saúde mental similar aos altamente religiosos.

Tal consolação pode não estar presente para aqueles com crenças mais incertas e ambíguas, como os “espirituais, mas não religiosos” e os agnósticos.

Tudo isso implica a necessidade de mais pesquisas examinando as diferenças psicossociais e de saúde mental entre as diferentes categorias de ‘nones’. É necessária uma abordagem de “divisão” em vez de “agregação” para enriquecer a literatura científica e evitar conclusões falsas.

Feliz Natal.