Sr. Zuckerberg, derrubar esta parede!

O algoritmo do Facebook não pode ser corrigido. O News Feed é o problema.

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Ninguém teria pensado que pouco mais de 30 anos após o presidente Reagan ter desafiado Mikhail Gorbachev a demolir o Muro de Berlim, o Muro do Facebook de Mark Zuckerberg seria a principal causa do sofrimento e da separação humanos, sem mencionar a propaganda russa. Numerosos relatórios detalham como as organizações russas não apenas divulgam notícias falsas, mas também incitam lados opostos das controvérsias americanas, alimentando inclusive confrontos no mundo real. Não está claro que efeito as ‘notícias falsas’ divulgadas no mural do Facebook tiveram sobre os votos reais nas eleições de 2016 – mas isso foi generalizado.

Além disso, como meu próximo post do blog detalhará, há evidências substanciais de pesquisa apontando como o tempo gasto no Facebook causa piora na saúde mental e no bem-estar. Eu escrevi um livro inteiro sobre esse assunto.

Por isso, fiquei divertido ao ler que Mark Zuckerberg está mudando o algoritmo do News Feed para “garantir que o tempo gasto no Facebook seja um tempo bem gasto” e que “o Facebook seja uma força para o bem moral”. Ele pretende mudar o feed de notícias de postagens virais de editores para atualizações e postagens do seu grupo de amigos que são muito apreciadas e comentadas. Ugh.

É hora de pararmos de beber o Facebook Kool Aid. Claro, nada é bom ou ruim. Existem vários recursos do Facebook que muitos, se não a maioria das pessoas gostam. A capacidade de manter contato com parentes distantes e amigos. A oportunidade de se conectar com um grupo de interesse, ou para nos sustentar com a conexão durante os períodos de doença, etc.

Mas, como apontou a recente reportagem de capa da Psychology Today (The Comparison Trap, novembro / dezembro de 2017), a comparação social é um problema primário do site – e de nossas próprias mentes. Sugiro no Facebuddha que há uma maneira de transformar a comparação social em combustível para nosso crescimento pessoal (em vez da inveja corrosiva). Mas vamos manter isso real, como será a sensação de ver as mensagens de seus amigos que acumulam centenas de curtidas – enquanto as suas são ignoradas? Como é a sensação de continuar a ver os rolos de destaque de seus amigos, seus momentos felizes, enquanto você está preso em seu pijama olhando para uma tela de computador? A justaposição é projetada para nos fazer sentir perdedores. Além disso, ainda vamos ver os posts de polarização com muitos comentários irritados que nos trouxeram aqui em primeiro lugar.

Zuckerberg tem como objetivo limitar o dano à política de um Feed de notícias irrestrito que leva a notícias falsas. Mas nossa saúde mental não será necessariamente melhorada vendo mais de nossos “amigos” (em citações assustadoras porque quem realmente tem 500 ou 5000 amigos?). De fato, a pesquisa indica que é precisamente esse tipo de interação superficial que é prejudicial à nossa saúde em primeiro lugar. Somos quem nos acontece e o que fazemos do acontecimento. O que acontece conosco quando nossos relacionamentos são filtrados através de um transe no Facebook? As respostas não são bonitas, como detalhe no meu livro.

Mais sobre isso no próximo post do blog, mas podemos afirmar afirmativamente que, de acordo com as melhores pesquisas até hoje, o tempo gasto com o Facebook não é, em geral, ‘tempo bem gasto’, e é, de fato, prejudicial ao nosso físico e bem-estar mental.

Sr. Zuckerberg, derrube essa parede! (Ou melhor ainda, desative e faça você mesmo!)

Para mais:

O Facebook está destruindo a sociedade e sua saúde mental?

(c) 2018 Ravi Chandra, MD, DFAPA