Encontrar o seu equilíbrio quando a vida te lança uma bola de curva

Lidando com a perda sem se perder.

Wikimedia image by Gebrüder Thonet

Fonte: Wikimedia imagem por Gebrüder Thonet

Muitas vezes é doloroso e desorientador quando a vida nos lança uma bola curva. Uma das curvas mais curvadas é romper com um ente querido que encontrou o caminho para o nosso coração. Como podemos nos curar da dor emocional de um final repentino, mesmo que tenha acontecido há muito tempo? Como podemos aproveitar os recursos internos para que possamos nos curar e seguir em frente?

A história das duas flechas do Buda pode oferecer uma visão psicologicamente correta de lidar com a adversidade. A primeira seta refere-se às coisas desagradáveis ​​que nos acontecem. Depois de um rompimento, há a perda do conforto e da conexão em que confiamos. Semelhante à morte de um ente querido, há a finalidade chocante de não mais compartilhar sua vida.

Percebendo que o relacionamento não correspondeu às nossas esperanças, enfraquece nosso senso de realidade. Algo que pensamos ser sólido e seguro acaba por ser instável. Se a separação foi desencadeada por uma traição ou decisão unilateral, podemos nos sentir especialmente traumatizados e vulneráveis. Incapaz de entender o que aconteceu e não ter voz no assunto pode nos deixar desrespeitados, impotentes e indescritivelmente tristes.

O luto é a maneira de cura do nosso corpo pela dor. Precisamos encontrar um caminho intermediário para lidar habilmente com nossos sentimentos de perda, para que não os evitemos nem sejamos dominados por eles. Encontrar a distância certa dos sentimentos é um dos aspectos do Focusing, desenvolvido por Eugene Gendlin, que nos ajuda a ser gentis com nossa vida emocional.

O que há de errado comigo?

Como mencionei, a primeira flecha é a imprevisibilidade da vida atravessando nossa zona de conforto – o choque, a perda, a tristeza. Mas é a segunda flecha que gera a maior parte do nosso sofrimento. Essa flecha é a que direcionamos para nós mesmos, muitas vezes sem nossa plena consciência.

Temos pouco controle sobre as inevitáveis ​​flechas que a vida nos atira. Nós temos mais controle sobre a segunda flecha – aquela que vem de dentro. Essa é a flecha da autocrítica, do ódio a si mesmo e da vergonha. Essa ferida auto-infligida torna nosso luto mais complicado e prolongado.

A dor de uma perda inevitável – “perdas necessárias”, como a autora Judith Viorst as chama – é intensificada pelo sofrimento persistente criado pela autoculpa e pela vergonha. Não apenas sentimos pesar e tristeza, mas concluímos que algo está errado conosco por termos esses sentimentos. Podemos ser consumidos por pensamentos repetitivos de que, de alguma forma, somos culpados pela situação, ou que deve haver algo errado conosco, ou que não devemos nos sentir tão angustiados. Nossa auto-fala pode ser:

  • Como eu estraguei tudo?
  • Eu deveria ter terminado isso agora!
  • Por que eu não posso deixar ir?
  • O que há de errado comigo?
  • Como eu criei isso?
  • Eu sou um perdedor e um fracasso.

É possível que tenhamos alguma responsabilidade em um rompimento. Mas há uma diferença crucial entre nos culpar e assumir a responsabilidade pelo que poderia ter sido nossa parte. Estar paralisado pela autoculpa congela nossa capacidade de amenizar nossa dor e investigar como as coisas saíram do caminho.

Por exemplo, talvez não tenhamos ouvido atentamente quando nosso parceiro expressou reclamações. Pode ter havido erros de sintonia ou falta de comunicação com os quais contribuímos. Nós nos apegamos a suposições e não fazemos perguntas suficientes? O relacionamento desapareceu da negligência?

Se estamos paralisados ​​pela vergonha – convencidos de que somos imperfeitos -, não estamos inclinados a aprender com nossa experiência. Podemos afundar em depressão e desesperança. Ou podemos atirar a flecha na outra pessoa – culpando-a e ficando presos em fantasias de vingança e recriminações que perpetuam nosso sofrimento.

Outro aspecto infeliz da autocrítica e da vergonha tóxica é que ela nos impede de reconhecer coisas positivas sobre nós mesmos. Podemos validar como abrimos nosso coração e corremos o risco de amar, apesar do resultado indesejado? Podemos diferenciar nossa vergonha tóxica de uma vergonha saudável (ou culpa saudável) que pode nos ajudar a crescer?

Validando-se

Em seu clássico livro “The Couples Journey”, a Dra. Susan Campbell escreve que alguns relacionamentos são relacionamentos de aprendizagem, e não relacionamentos de longo prazo. Eles nos preparam para um melhor relacionamento por vir.

A vida nos apresenta uma série de experiências de aprendizado. Se pudermos estar conscientes de como estamos apontando a segunda flecha em direção a nós mesmos, temos mais controle sobre se liberamos essa flecha tóxica ou nos mantemos com respeito e dignidade à medida que lamentamos nossa perda e aprendemos com a experiência.

Separação, perda e traição são dolorosos o suficiente. Se somarmos auto-culpa e vergonha tóxica à mistura, aprofundamos nosso sofrimento.

Nosso desafio é validar nosso valor e valor internos, independentemente do que quer que aconteça conosco. Trazendo a atenção plena a situações difíceis, podemos diferenciar a dor inevitável do sofrimento autogerado. Segurando-nos com dignidade, podemos lamentar, aprender e avançar com nosso autorrespeito intacto, mesmo que temporariamente ferido.